Neil deGrasse Tyson é antes de tudo um apaixonado por ciência. Se Cosmos: A Spacetime Odyssey já não deixou isso claro recomendo que ouçam seu podcast StarTalk, onde o astrofísico conversa com cientistas e celebridades sempre com bom humor e descontração, falando de ciência com naturalidade e numa linguagem acessível. Não a toa ele é o sucessor espiritual de Carl Sagan.
Tyson no entanto tem uma preocupação pessoal que muitas vezes é interpretada como o seu lado chato: ele é bem crítico quanto a representações e interpretações de dados científicos pela mídia na ficção. Seu pouco apreço por Star Wars em detrimento de Star Trek, por exemplo é notório (ele perdoa o primeiro por considera-lo uma mera fantasia), bem como as vezes em que desceu a lenha em Gravidade e Interestelar por distorcer conceitos científicos em prol do entretenimento, mesmo na forma de licenças poéticas. Só que o espectador não quer um documentário da NASA, ele quer algo para se divertir.
O causo favorito de Tyson, a reclamação direcionada a James Cameron por conta do céu errado em Titanic resultou numa suave patada do diretor (“o filme rendeu US$ 1 bilhão, imagine o quanto faríamos com o céu correto”), mas no fim das contas a cena foi corrigida na versão em Blu-ray. Ele pode ser chato às vezes, mas ninguém questiona seu desejo de fazer mais pela ciência evitando ensinar o erro.
Muitos games não tem obrigação nenhuma com a realidade, apenas buscam divertir e entreter o jogador. Não que iniciativas mais realistas não tenham seu lugar e dentro do tema espacial Elite: Dangerous é um excelente exemplo: um game de exploração espacial com uma galáxia teoricamente em tamanho real, com distâncias reais e fazendo uso de conceitos científicos corretamente aventados e extrapolados dentro dos limites, ainda que seja uma ficção.
Tyson quer fazer algo nesse sentido, mas oferecendo um título realmente calcado em conceitos científicos. Esse é Space Odyssey: The Video Game.A ideia de Tyson é oferecer um ambiente espacial para o jogador explorar sozinho ou acompanhado, mas que respeite as leis e princípios científicos à risca. Biologia, Química, Física, Engenharia, Geofísica, tudo vai funcionar como na realidade utilizando fórmulas e cálculos reais e os conceitos mais mirabolantes serão tirados de extrapolações científicas em discussão hoje, para conceder o mínimo de licenças poéticas possível. Teremos citações a nanotecnologia, matéria escura e propulsão Bussard, assim como coisas já minimamente viáveis como velas solares.
Space Odyssey seria um No Man’s Sky mais refinado. O jogador terá a oportunidade de explorar exoplanetas próximos à Terra (um exemplo dado é o de Proxima B, a “apenas” 4,2 anos-luz de distância) e de iniciar processos de terraformação, se tornando responsável pelos mundos que “cultiva”. Os servidores terão um sistema de aprendizado de máquina que vai aprender com as modificações incluídas por cada jogador, de modo que elas se reflitam no gameplay de todos. O game também incluirá missões em Realidade Virtual, para quem gosta do recurso.
Enfim, o game de Tyson seria mais uma grande academia de ciência espacial com elementos de exploração, e se você pensa que isso tornaria o game chato saiba que Elite: Dangerous só incluiu alienígenas recentemente, e o título está se saindo muito bem. Se concebido da maneira correta até No Man’s Sky teria acertado de primeira, o problema é que a Hello Games mordeu mais do que podia engolir.
Neil Tyson vai auar como conselheiro ingame e fora dele, direcionando a equipe de desenvolvedores e roteiristas. Entres estes destaca-se Len Wein, roteirista de HQ que entre outras coisas co-criou Wolverine e o Monstro do Pântano; já na arte temos Jimmy Yun, designer que trabalhou em games como Final Fantasy IX e Twisted Metal Black, entre outros.
A campanha de crowdfunding vai rolar até o dia 29/07 e até o presente momento arrecadou US$ 96.616 dos US$ 314.159 almejados (CLARO que Tyson usaria o valor de Pi); uma contribuição de US$ 29,99 garante uma cópia e acesso ao beta de Space Odyssey, que tem lançamento previsto para julho de 2018 para Windows e macOS.
Fonte: Kickstarter.
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